três torres vigiam uma das entradas da zona leste goianiense.
eu que testemunhei a passagem de um peão tangendo o gado nos anos 90, a
inauguração dos postes de luz da avenida olinda, a construção da pista
de caminhada na mesma avenida, a transformação do pasto que antes nos
servia de campo de decolagem e pouso das pipas coligadas em linhas
banhadas de vidro e cola; eu que vi o pasto de diversões sendo aos
poucos ocupado por casarões e muros de um condominio fechado onde hoje
mora o estelionatário Carlinhos Cachoeira, testemunho a passagem do
tempo através da paisagem. Três gigantes torres vigiam as janelas da
casa de meus parentes, um tribunal de justiça edificado condena e
castiga as ruas do bairro água branca, um ministério público transborda
de carros a cabeçeira das ruas da antiga periferia e um paço municipal
tingido de vermelho pela terra ferruginosa destes pagos, cercado pelas
últimas árvores tortuosas de cerrado e solitário nas margens da BR 153
decretam a chegada da modernidade tardia num dos rincões mais roseanos
do país. três torres ladeadas de terra vermelha vigiam o vale do córrego
água branca e ainda assim as árvores de flor roxa resistem, o mogno
plantado pelo pai resiste, a frutaria resiste, os carros de som
anunciando picolés a preço de banana resistem, o sol resiste...três
torres economico-residenciais vigiam e dormem enquanto vigiam a zona
leste goianiense.
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