segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
ei são paulo, terra de arranhacéu! da ponte pra cá é uma paulista que me
deixa com receio de tocar as pessoas, que faz das articulações uma
fechadura. cheguei caminhando pelo viaduto santa Ifigênia, cai nas
bordas da 25 e mudando de rua passei pelo largo da memória. aqui não é
salvador. cidade dura. cadê a graça da música de caetano? atravessei o
chá, o municipal pra baixar no metrô da república. é clichê mas é isso,
gente de todo lugar e minhas articulações continuam apertadas,
trancadas. foi em vão saltar no masp, entrada cara. foi decidido que
caminharia pela paulista no sentido consolação. primeiro uma mina
acompanhada de um saxofonista arraza o passeio cantando rihanna. foda!
depois um quarteto: uma violinista negra, um violinista cego, um
cellista negro e um cantor jovem argentino e gay mandam uma ópera
fodidamemte linds no meio da avenida dos patos. o cantor esbanjando sua
feminilidade e a gente babando. ganhou o público! segui. subi no alto do
sesc e não achei muita graça em ver um mar de prédio, prefiro o mar de
água salgada ou uma montanha no meio do mato. desci correndo pra me
encontrar com salvador dentro do centro cultural de um banco que andei
dando calote. Era o Ilê Aiyê balançando meu coração e me transportando
de volta pra Salvador. Não sou de terreiro mas saí num axé danado.
Voltei por onde vim prs encontrar com a Augusta, lugar que nunca me faz
sentir graça (desculpa aí habitués de lá). Cheguei na Roosevelt e só
constatei um pouco mais da dureza do lugar: gente dormindo no chão,
gente bebendo cerveja sem olhar no olho da gente. Saí fora, passei pela
Mario de Andrade já de retorno pra estação república. Sem mais, desci na
Luz pra pegar a linha azul até a Zona Norte onde dizem que a banca a
forte. São Paulo é pro fortes e pro fracos. Tudo parece doer como numa
canção do Itamar ou da Gal, ainda assim, fico com o Zeca Pagodinho: vida
leva eu nesse 2019 de poucas esperanças na televisão e de muita gente,
inevitavelmente, na rua quer queira quer não. Arre!
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