sábado, 2 de janeiro de 2021

 ei são paulo, terra de arranhacéu! da ponte pra cá é uma paulista que me deixa com receio de tocar as pessoas, que faz das articulações uma fechadura. cheguei caminhando pelo viaduto santa Ifigênia, cai nas bordas da 25 e mudando de rua passei pelo largo da memória. aqui não é salvador. cidade dura. cadê a graça da música de caetano? atravessei o chá, o municipal pra baixar no metrô da república. é clichê mas é isso, gente de todo lugar e minhas articulações continuam apertadas, trancadas. foi em vão saltar no masp, entrada cara. foi decidido que caminharia pela paulista no sentido consolação. primeiro uma mina acompanhada de um saxofonista arraza o passeio cantando rihanna. foda! depois um quarteto: uma violinista negra, um violinista cego, um cellista negro e um cantor jovem argentino e gay mandam uma ópera fodidamemte linds no meio da avenida dos patos. o cantor esbanjando sua feminilidade e a gente babando. ganhou o público! segui. subi no alto do sesc e não achei muita graça em ver um mar de prédio, prefiro o mar de água salgada ou uma montanha no meio do mato. desci correndo pra me encontrar com salvador dentro do centro cultural de um banco que andei dando calote. Era o Ilê Aiyê balançando meu coração e me transportando de volta pra Salvador. Não sou de terreiro mas saí num axé danado. Voltei por onde vim prs encontrar com a Augusta, lugar que nunca me faz sentir graça (desculpa aí habitués de lá). Cheguei na Roosevelt e só constatei um pouco mais da dureza do lugar: gente dormindo no chão, gente bebendo cerveja sem olhar no olho da gente. Saí fora, passei pela Mario de Andrade já de retorno pra estação república. Sem mais, desci na Luz pra pegar a linha azul até a Zona Norte onde dizem que a banca a forte. São Paulo é pro fortes e pro fracos. Tudo parece doer como numa canção do Itamar ou da Gal, ainda assim, fico com o Zeca Pagodinho: vida leva eu nesse 2019 de poucas esperanças na televisão e de muita gente, inevitavelmente, na rua quer queira quer não. Arre!