“Se fizesse silêncio o tumulto da carne…
…e silenciassem as imagens da terra, das águas e dos ares, e até mesmo dos céus, e a própria alma se superasse, não pensando mais em si (silêncio também nos sonhos e na imaginação); se todas a línguas e todos os signos e tudo o que não se produz senão de passagem fizessem silêncio absoluto, pois, se pudéssemos ouvi-los, diriam:
“Não fomos nós que nos fizemos a nós mesmos, e sim aquele permanentemente eterno” e se então se calassem, pois ouriçaram os nossos ouvidos para aquele que os fez, e se ele próprio falasse sozinho, não pelas coisas todas, mas por conta própria, de modo que ouvíssemos o seu verbo, não pela língua da carne ou pela voz dos anjos, não pelo estrondo das nuvens ou o enigma das parábolas, mas por ele mesmo, que amamos em tudo aquilo…”
Décio Pignatari
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