domingo, 28 de agosto de 2016

Não existe saudade que dure dolorida. Tendo o pé na estrada e a vida chacoalhada por chegadas e partidas, dançamos o flerte entre o olhar e a paisagem que vai passando. Os dias estão para para-brisas, blusas de lã e carinhos reencontrados nas sombras da cidade.
Agora a saudade é doce e pede um balão para flutuar.

Ouro Preto, 28 de agosto de 2013

quinta-feira, 3 de março de 2016

nº 01 / 2016

O digito pouco verossímil
é o tato impermeável,
o fluxo fastiado de ver
a tela

o papel é a face.
risco de ser retalho e rabisco
rosa prima do rastro de quem está
com as mãos prontas para encarar
o suor de se reinventar
sem um delete ou excluir-se

soçobrar-se em tintas e sonhos
delirar até que os dedos sejam vivos,
vorazes e acabem abocanhando a carne
do instante

sonho
se sonho

gozo
seu gozo

corro
e não me basto de ser bastardo
nos negócios,
filho do ócio e da sanha do mundo.

finco
e não fujo.

fujo não

viagem sempre foi o mote
a rua sempre foi a sorte
o sonho sempre foi o cio
o tempo sempre foi espera
silêncio, grito e loucura.
elmos, lixos e luxúria
sacos, olhos e espadas
saem as lágrimas, soam os sinos
sacodem os egos
cisma! divisão e o passo seguinte
é o inicio do espaço.
olhos corroem, bocas difamam
e o sonho é fernando pessoa
manoel de barros
e o poeta da praça.
quem sabe de tudo? nada
quem fala de tudo? nada
quem cuida de tudo? nada
deus é pouco pra quem quer o muito!
adeus!